
As declarações foram dadas em entrevista à BBC News Brasil, publicada nesta segunda-feira, 7

O ex-ministro da Casa Civil e ex-presidente do PT, José Dirceu, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria cumprir a pena de 27 anos determinada pelo STF por tentativa de golpe de Estado em prisão domiciliar. As declarações foram dadas em entrevista à BBC News Brasil, publicada nesta segunda-feira, 7.
Para Dirceu, Bolsonaro não teria condições físicas e psicológicas de enfrentar o ambiente do sistema penitenciário brasileiro, marcado por superlotação e influência de facções criminosas.
“Não é possível colocar presos vulneráveis em um sistema tão controlado pelo crime. As condições são péssimas. Ele não tem como ir para a prisão, seria inviável colocar um ex-presidente nesse contexto”, afirmou.
O ex-ministro citou como referência o caso do ex-presidente Fernando Collor, que cumpre prisão domiciliar devido à idade e problemas de saúde. Dirceu também recorreu à própria experiência pessoal: ele foi condenado na Operação Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas teve a pena anulada em 2023 pelo ministro Gilmar Mendes.
“Nunca tive contato com Bolsonaro, mas parece que ele é uma pessoa instável, que reage de forma intensa a situações de pressão. Todo mundo sofre na prisão, enfrenta depressão e tensão. Não desejo mal a ninguém, nem a ele”, disse.
Crítica à postura da direita sobre punições
Dirceu aproveitou para criticar setores da direita que, segundo ele, hoje defendem a redução de penas para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, apesar de terem apoiado o aumento de punições em outros casos nos últimos anos.
“Nos últimos dez anos, a direita brasileira aplaudiu o endurecimento das penas para tudo. Agora, quer reduzir para quem atacou o Parlamento, o Judiciário e o Planalto. É contraditório”, completou.